Malluh Praxedes: livro narra atuação de incentivadora da música instrumental mineira

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               Malluh Praxedes com os músicos Leonardo Brasilino (esq. para dir.), Guinga e Tabajara Belo 

Quem acompanha o universo da música instrumental brasileira, mais especificamente o da cena instrumental de Minas Gerais, sabe da importância de Malluh Praxedes. Produtora de shows e eventos musicais por mais de duas décadas, essa jornalista e escritora mineira ajudou a revelar novos talentos, assim como contribuiu ativamente para que essa vertente musical conquistasse um espaço maior nos meios culturais.

Daí a pertinência do livro “O Som das Minas: nas Anotações de Malluh”, que a editora Mosaico acaba de lançar. Num misto de perfil biográfico e livro-reportagem, o escritor e poeta José Roberto Pereira utiliza o acervo pessoal de Malluh, além de algumas entrevistas, para narrar sua trajetória profissional, desde as colaborações para o jornal “O Estado de Minas”, nos anos 1980, até sua atuação como produtora cultural do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), para o qual criou e desenvolveu vários eventos musicais.

Um dos projetos mais relevantes foi o Prêmio BDMG Instrumental, idealizado por Malluh em 2001, que continua a ser realizado anualmente. Tive o prazer de participar das nove primeiras edições desse evento como integrante do júri, com a missão de eleger os melhores instrumentistas, compositores e arranjadores entre os finalistas selecionados por uma comissão de músicos.

Ao lado do saudoso crítico carioca José Domingos Raffaelli, de colegas da imprensa cultural de Belo Horizonte e músicos do quilate de Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Guinga e Danilo Caymmi, entre outros, tive assim a chance de ouvir pela primeira vez talentos da música instrumental mineira, como o saxofonista Cleber Alves, o violonista Weber Lopes, o baixista Fred Heliodoro, o pianista Rafael Martini ou o multi-instrumentista Antônio Loureiro.

Ainda nessa área, em 2002, Malluh criou o Jovem Instrumentista BDMG, prêmio que concedia bolsas de estudo para estudantes de música, com conceituados instrumentistas que eles mesmos podiam escolher. Aprimorado nas edições seguintes, esse projeto também continua a ser realizado até hoje.

A partir de 2009, quando se desligou do BDMG Cultural, Malluh passou a dedicar mais tempo à sua carreira literária – hoje tem mais de 15 livros publicados. Mesmo assim, não deixou de lado a paixão pela música: suas letras de canções, em parcerias com o compositor e cantor Renato Motha, aparecem em CDs já lançados inclusive no Japão.

Além de esboçar um rápido panorama da música popular cultivada em Minas Gerais durante as últimas décadas, o livro de Pereira indica, principalmente, porque a cena da música instrumental brasileira e seus apreciadores devem muito a Malluh Praxedes.




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