Yamandu Costa: dois CDs mostram a maturidade do violonista e compositor gaúcho

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Ainda nos anos 1990, quando começou a chamar atenção na cena da música instrumental, o violonista Yamandu Costa dividia opiniões. Muitos festejaram o talento do jovem gaúcho, que chegou a ser comparado ao brilhante Raphael Rabello (1962-1995). Mas também havia os que criticavam os excessos sonoros do garoto-prodígio, em suas performances cheias de vigor.

Já na década seguinte, em meio aos inúmeros shows e gravações que fez, Yamandu desenvolveu parcerias com os veteranos Dominguinhos (1941-2013) e Paulo Moura (1932-2010), que parecem ter contribuído para aparar as arestas de suas interpretações.

Duas gravações recém-lançadas comprovam, não só a maturidade desse superdotado instrumentista, mas também sua evolução como compositor. No álbum “Tocata à Amizade” (lançamento da gravadora Biscoito Fino), ele se une a Alessandro “Bebê” Kramer (acordeom), Luís Barcelos (violão) e Rogério Caetano (bandolim) para interpretar a suíte “Impressões Brasileiras”, que compôs por encomenda do parisiense Museu do Louvre.

Os títulos dos quatro movimentos – “Choro-tango”, “Valsa”, “Frevo-canção” e “Baionga” – já indicam a variedade de gêneros e ritmos que Yamandu escolheu para representar a música brasileira. Completando o repertório do álbum, a “Suíte Retratos” (Radamés Gnatalli) aparece em versão mais descontraída.

Em “Concerto de Fronteira”, CD da Orquestra do Estado de Mato Grosso (lançamento da gravadora Kuarup), Yamandu também contribui como autor e solista. Na longa peça-título, ele é ouvido em um contexto mais erudito, acompanhado pelos naipes de cordas da orquestra. “Bachbaridade”, outra composição própria, é um veículo para o virtuosismo desse músico que encontrou enfim o equilíbrio da maturidade. 


(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 28/3/2015)
 

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