Cau Karam e à Deriva: violonista gaúcho e quarteto paulista em "conversas" criativas

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Anos atrás, este encontro musical pareceria um tanto improvável. O que Cau Karam (ao centro, na foto), talentoso violonista e compositor gaúcho conhecido por sua intimidade com o choro e o samba, teria em comum com o À Deriva, inventivo quarteto instrumental paulista, que aposta na criação musical com o máximo de liberdade e sem se prender a gêneros definidos?

O fato é que a aproximação aconteceu, com a necessária abertura de ambos os lados, gerando assim uma criativa parceria musical e o álbum "De Senhores, Baronesas, Botos, Urubus, Cabritos e Ovelhas" (lançamento do selo à Deriva). Autor de seis das dez faixas do álbum, Karam gosta de batizá-las com títulos insólitos, como o do choro “O Hábito Estraga ‘Um Monte’” ou o do quebrado samba “Nem o Freud, Nem o Roberto Carlos”. “Bom Cabrito Não Berra” é, talvez, a faixa que melhor espelha o diálogo entre as diferentes concepções musicais de Karam e do À Deriva: a lírica melodia da flauta evolui para um ruidoso solo de sax tenor, como numa inusitada conversa entre Radamés Gnattali e Ornette Coleman.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 27/7/2013)



 

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