11º Rio das Ostras Jazz & Blues Festival: Lucky Peterson fez plateia dançar e se divertir

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                                                                           O organista e bluesman Lucky Peterson

Diferentemente do ano passado, quando as chuvas prejudicaram grande parte dos shows do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival,  o tempo colaborou.
Para saber que a 11ª edição desse evento (encerrada no último domingo) foi um sucesso, bastou ver a plateia ocupando as instalações da chamada Cidade do Jazz, em Costazul, com um grau de densidade jamais visto nos anos anteriores. Segundo a produção do evento, a média de público por noite teria chegado a 30 mil pessoas, no final de semana.

A noite mais longa e festiva foi a de sábado, encerrada já perto das 4h da madrugada, com a frenética apresentação de Lucky Peterson. Caricato, fazendo graça até com sua imensa barriga, o organista e guitarrista levou a plateia a dançar durante todo o show, especialmente quando recriou clássicos do rock’n’roll, do R&B e do funk, como “Johnny B. Goode” (de Chuck Berry), “Proud Mary” (de John Fogerty) e “It’s Your Thing” (dos Isley Brothers).

O ensandecido bluesman não deixou por menos: exigindo participação total da plateia, fez questão até de descer do palco, arrancando sorrisos e gritos com seus improvisos de guitarra, no meio do público. Quando já parecia prestes a sair de cena, entrou sua mulher, a simpática cantora Tamara Peterson, que o ajudou a conduzir o show-baile ainda por mais de uma hora.

Divertida também foi a apresentação da Victor Wooten Band (foto acima), que precedeu a de Peterson. Recebido como ídolo pela plateia de Rio das Ostras, que já conhecia seu virtuosismo, o baixista e compositor chegou a contar com outros três baixos em sua banda (numa edição do festival, vale ressaltar, que reuniu outros grandes contrabaixistas). Sua canção “My Life”, quase um blues, é uma pérola de humor e suíngue que mereceria ser gravada por outros intérpretes.


Pena que Wooten tenha reservado uma boa parte de seu set às caras e bocas de Krystal Peterson, cantora de ascendência pop que não timbra muito bem com sua música. Depois de fazer covers de Stevie Wonder (“Overjoyed”) e Michael Jackson (“I’ll Be There”), a lourinha – sabe-se lá por que razão – quase comprometeu o show ao interpretar a dramática “Somewhere”, canção do musical “West Side Story”.

Duas outras atrações do sábado não envolveram a totalidade da plateia. Virtuose da guitarra jazzística, com marcante influência do rock, Scott Henderson (na foto acima) abriu sua apresentação com uma versão bem roqueira de “All Blues” (de Miles Davis). Parecendo tocar apenas para si próprio, mesmo ao interpretar a sensível balada “Peace”, não abriu mão de sua pegada de rock, na linha de mestres dos anos 1960 e 1970, como Jimi Hendrix e Jimmy Page. Para os fanáticos por guitarra, no entanto, a performance de Henderson certamente soou como o clímax da noite.

Quem abriu o programa de sábado foi o Will Calhoun Ensemble, quarteto do ex-baterista da banda Living Colour, que tem a seu lado conceituados músicos do jazz contemporâneo: o saxofonista Donald Harrison, o pianista Marc Cary (ambos na foto acima) e o contrabaixista Charnet Moffett. Com momentos quase experimentais, a música de Calhoun mistura longos improvisos, muita percussão e timbres eletrônicos. Num elenco mais calcado no blues, como foi o desta edição, Calhoun e seus parceiros ganharam os aplausos mais eufóricos dos apreciadores do jazz.

(continua) 

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