Shamarr Allen: revelação de New Orleans, trompetista volta ao Brasil em maio

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                                                             Shamarr Allen / photo by Edgard Radesca

Destaque da eclética cena musical da Louisiana (EUA), o trompetista e cantor Shamarr Allen, 30, está entre as centenas de atrações da 43ª edição do New Orleans Jazz & Heritage Festival – um dos maiores eventos do gênero no mundo, que começa hoje.

O crescente prestígio de Allen está estampado, literalmente, nesta edição do festival: sua imagem ilustra um dos dois cartazes oficiais do evento (no segundo aparece o instrumentista e cantor Trombone Shorty, outra jovem revelação da cena local).

“Honestamente, eu achava que precisaria batalhar pelo menos mais uns dez anos para receber uma honra tão grande”, disse Allen à Folha, anteontem, por telefone. “Isso mostra que devo estar fazendo a coisa certa”.


O trompetista virá ao Brasil, no próximo mês. Vai se apresentar dias 25 e 26/5, no clube Bourbon Street, em São Paulo, e no Parque do Povo, com entrada franca, também no dia 26/5. Depois tocará na casa noturna Miranda, no Rio, dia 30/5; e no Bourbon Festival de Paraty (RJ), em 2/6.

De sua primeira temporada no país, em 2010, quando tocou no Bourbon Street Festival, Allen diz que não se esquece da animação das crianças e adolescentes carentes da favela de Heliópolis, em São Paulo, onde comandou um workshop, ao lado de sua banda, The Underdawgs.

“Trabalhar com aquela garotada fez que eu me lembrasse de minha própria história de vida. Moramos em países diferentes, mas, no fundo, não há muita diferença”, compara o músico, que cresceu em Lower 9th Ward, um dos bairros mais pobres e violentos de Nova Orleans.

“Já fui como aquelas crianças e sei como é você querer muito ser outra pessoa, ter uma vida melhor. Alguém precisa dizer a elas que também são capazes de vencer. A música pode ajudar a mudar a vida delas”, afirma o músico, que foi selecionado há pouco pelo Departamento de Estado norte-americano como embaixador cultural de seu país.

Ex-integrante da Rebirth Brass Band, uma das bandas de metais mais populares de Nova Orleans, Allen lançou em 2009 o CD “Box Who In?”, no qual exibiu sua contemporânea concepção musical, misturando jazz, rock, funk, soul e hip hop. Fusão que ele leva adiante, no recém-lançado álbum “504-799-8147”.

“Minha música certamente seria diferente, se eu não vivesse em Nova Orleans”, observa. “Ter nascido e crescido nela permitiu que eu ouvisse um pouco de todos os tipos de música feitos aqui. Ser introduzido desde cedo a tudo isso faz muita diferença”.

Programação do festival vai do jazz ao rock


A receita é, basicamente, sempre a mesma. Há quatro décadas, o New Orleans Jazz & Heritage Festival monta seus palcos (12 neste ano), ao ar livre, no hipódromo local, para exibir um variado cardápio musical: jazz moderno e tradicional, blues, gospel, soul, funk, rock, pop, hip hop, country, ritmos afro-cubanos, cajun, zydeco e outras vertentes da região.


Entre os mais de 400 shows programados até dia 6/5 destacam-se atrações de peso, como Bruce Springsteen, Al Green, Herbie Hancock, Dianne Reeves, Esperanza Spalding, Janelle Monáe, Beach Boys, Cee Lo Green, Sharon Jones, Florence & The Machine, Foo Fighters e David Sanborn.

Sem falar nas centenas de artistas locais, que não devem nada em qualidade musical e originalidade a astros de outras regiões dos EUA. Entre eles destacam-se Trombone Shorty, Funky Meters, Neville Brothers, Dr. John, Irma Thomas, Preservation Hall, Bonerama, Galactic, Donald Harrison, Irvin Mayfield, Dirty Dozen Brass Band e Marcia Ball.

Se você é daqueles que acham que a música está acima dos gêneros, estilos e modismos transitórios, esse é “o festival” para se ir, ao menos uma vez na vida.

(textos publicados parcialmente na “Folha de S. Paulo”, edição de 27/04/2012)



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