Eliane Elias: pianista investe mais no poder de sedução de sua voz

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Não é fácil se manter no cenário musical, ainda mais por três décadas. Já que as gravadoras sobreviventes do tsunami digital que abateu o mercado fonográfico, uma década atrás, só investem em projetos com maior chance de retorno, a jazzista brasileira Eliane Elias (radicada nos EUA desde 1981) tem apostado mais no limitado poder de sedução de sua voz do que em seu grande talento ao piano.
 

Em “Light My Fire”, seu 21.º álbum, ela amplia a fórmula de “Dreamer” (2004), seu trabalho mais popular. Hits da música pop, como “Light my Fire” (da banda The Doors), em releitura sensual, ou uma versão de “My Cherie Amour” (Stevie Wonder), em francês, dividem o repertório com clássicos da MPB e canções próprias.

Suas versões do samba “Aquele Abraço” e do ijexá “Toda Menina Baiana” contam com os vocais e o violão do próprio autor, Gilberto Gil. Já a releitura vocal da jazzística “Take Five” (Paul Desmond) soa sintomática: ouvir o piano de Eliane, em papel de coadjuvante, deixa uma sensação de desperdício.


(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 31/3/2012)

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