Paulo Moura: clarinetista mostra outra faceta instrumental com o grupo Teatro do Som

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É provável que alguns fãs de Paulo Moura (1932-2010) estranhem “Alento” (lançamento Biscoito Fino), seu primeiro disco póstumo. Em vez dos sambas e choros que identificaram nas últimas décadas a música desse mestre do clarinete, vão ouvir composições que se assemelham a fragmentos de trilhas sonoras.

Gravadas entre 2005 e 2009, essas composições são produtos da parceria de Moura com o quarteto Teatro do Som, formado por Alex Meirelles (teclados e voz), Marcos Zama (percussão), Paulo Martins (flauta e sintetizador) e Ricardo Feijão (violão e baixo). Títulos como “Road Movie” ou “Mantra do Rio” já denotam o tom atmosférico das nove faixas. Gabriel Grossi (gaita), Alessandro Kramer (acordeon), Marcio Malard (cello) e Ricardo Silveira (violão e guitarra), entre outros convidados, ampliam a instrumentação baseada em teclados, cordas, percussão e vocais.

Subordinando-se aos arranjos, Moura quase abdicou nesse projeto do costumeiro papel de solista, para explorar texturas sonoras menos usuais em sua obra. Mais uma lição desse grande instrumentista, que sempre se colocou a serviço da música – sem hierarquias e preconceitos.

(resenha publicada no “Guia Folha – Livros, Discos e Filmes”, em 25/3/2011)




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