8º Bourbon Street Fest: uma história de superação no final da festa de New Orleans

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                                                                                                                    Foto: Inez Medaglia

Em meio à animação do último dia de shows do Bourbon Street Fest, ontem à tarde, em São Paulo, nem todos sentados às mesas do clube paulistano durante o tradicional Jazz Brunch deram a atenção merecida a uma história mencionada no palco.

Com seu sorriso contagiante, a simpática Tricia Boutté (na foto acima) já tinha cantado algumas delícias do rhythm’n’blues, como “My Baby Just Cares for Me”, “Let the Good Times Roll” e “Feel so Good”. Antes de continuar o show, comentou que havia se apresentado naquele mesmo palco, em 2008, deprimida e forçada a usar uma peruca, dias depois de concluir um tratamento à base de quimioterapia.

“Hoje minha vida está muito boa. Eu me casei e recuperei meu cabelo”, desabafou a cantora, em tom de comemoração. Em seguida, dedicou ao marido uma emotiva versão da balada “Teach Me Tonight”, em arranjo jazzístico, com um belo solo do sax tenor Alonzo Bowens.

Ao ouvir o comovente relato de Tricia, fiquei pensando que outras histórias semelhantes, muitas bem piores e sem o mesmo final feliz, foram vividas pelos habitantes de New Orleans depois da destruição desencadeada pelo furacão Katrina, cinco anos atrás. É confortante saber que a música alegre dessa cidade, que a tornou conhecida em todo o mundo, continua ajudando alguns de seus sobreviventes a superar as crises e as lembranças tristes daquela tragédia.

Pensei também em como a paixão de Luiz Fernando Mascaro e Edgard Radesca pela música de New Orleans os levou a imaginar e criar algo que, duas décadas atrás, poderia soar como uma verdadeira loucura: um clube, em São Paulo, que hoje sintetiza o que New Orleans oferece de melhor em termos musicais, com direito até a degustar a original culinária dessa cidade.

Mais tarde, vendo os sorrisos espalhados pelo palco e pela platéia durante os shows de Terrance Simien e Gary Brown, na abarrotada rua dos Chanés, pensei também no privilégio que tem sido acompanhar de perto as atrações desse clube, que em breve vai comemorar 17 anos. Que venham outros shows e festivais tão saborosos como este.

                                                                                                                         

1 Comentário:

Unknown disse...

Amigo Calado,
Lindo texto, como sempre...

Nós aqui no Bourbon e o Luiz Fernando - onde quer que esteja sua alma inquieta e musical - retribuimos o comentário:
Tem sido um privilégio para nós, contar com a sua presença, bons conselhos, critica positiva, fino humor e principalmente amizade sincera.
Que o Bourbon possa ter a música, o critico e o amigo com a mesma qualidade, por muitos outros shows e festivais.

Forte abraço, Edgard Radesca

 

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